
A melhor coisa que alguém poderia fazer para melhorar a imagem de Donald Trump seria remover a sua conta do Twitter, mas a companhia decidiu abrir guerra ao presidente.
A lógica é simples o Twitter, tais como o Facebook e outras, são plataformas de comunicação, permitem que terceiros possam expressar a sua opinião e dessa forma estão protegidos no EUA pela Section 230 of the Communications Decency Act e não podem por exemplo ser processados por difamação:
“No provider or user of an interactive computer service shall be treated as the publisher or speaker of any information provided by another information content provider”
Porem, se o Twitter comenta ou modifica a mensagem de outra, esta a agir como um editor, como qualquer jornal ou site de noticias que segue uma linha editorial e nesse caso já não esta abrangido por essa seccao e é responsabilizado pelos conteúdos que publica.
De forma simples, esta foi a guerra que o Twitter comprou quando decidiu censurar/opinar sobre um par de tweets do presidente norte-americano, em que este acto isolado constitui uma forma de acção de politica sobre todos os leitores de Trump e nesse caso o Twitter não esta a agir como uma plataforma de comunicação mas antes como um editor.
Uma velha questão
A questão da censura no Twitter e noutras plataformas não é recente, site como o Twitter, Facebook e Youtube são acusados de ter um bias contra conservadores.
No Twitter as queixas tem’se acumulado nos ultimos anos:
The Conservative Revolt Against Twitter
E são muitas as vozes que pediam o cancelamento da conta do Twitter de Donald Trump:
Critics including presidential contender Sen. Kamala Harris have blasted Twitter for failing to take enforcement action against Trump https://variety.com/2019/digital/news/twitter-donald-trump-account-deleted-policy-1203372720/
Em Julho do anos passado, o próprio presidente Trump organizou um encontro na Casa Branca com elementos conservadores do mundo do media.
Tweets da discordia

O primeiro tweet a ser censurado era um comentário de Trump sobre o voto por correio e as duvidas sobre segurança deste processo foi-lhe adicionada informação de fact-check que consistia num link para uma noticia da CNN.
Isto surge na mesma semana em que um Democrata se deu por culpado num caso de fraude eleitoral
O segundo foi um tweet de Trump sobre os acontecimentos do Minnesota e este foi catalogado como incitando a violência,
Curiosamente este Tweet do Michael Moore, que apela de forma explicita a violência, não recebeu o mesmo tratamento

No rescaldo o Partido Republicano já aponta baterias ao Twitter:
Senator Ted Cruz asks DOJ to investigate Twitter over Iran sanctions
Conclusão
A questão da idoneidade ou imparcialidade das redes sociais não e nova, o mundo das redes socais e controlado por uma mão cheia de empresas de Silicon Valley e isso traz-lhe um enorme poder.
As acusações da interferência Russa e do mundo das fake news nas eleições norte-americanas e no referendo do Brexit foi apenas uma desculpa para os governos obrigarem estas redes a condicionar e controlar o acesso a informação. Com o apoio dos media tradicionais porque este também foram os maus afectados com a transferência do negocio da publicidade para o mundo digital.
E se os conservadores de queixam de censura, alguns sectores do mundo democrata pedem mais e mais controlo, e nunca como antes os jornalistas apelaram tanto a censura:
https://www.theguardian.com/commentisfree/2020/may/30/twitter-taking-on-trumps-lies-about-time-too
O resultado disto tudo e simples de prever, Twitter, Facebook e afins vão acabar por ter que seguir regras mais rígidas e tudo o que e activista, jornalista independente ou comentador politico vão ter que arranjar uma nova forma de publicar o seu trabalho.