É um momento de mudança para a politica portuguesa, a entrada de novos partidos no parlamento vem trazer uma maior diversidade ao discurso politico e uma voz critica que fazia falta em São Bento.
O rescaldo das eleições já foi feito de forma sucinta e objectiva pelos principais jornais portugueses, a geringonça teve uma vitória suave e a direita descarrilou.

Mas nem tudo são rosas para PS, BE e PCP a conjectura económica mostras-se mais desfavorável, os efeitos que o Brexit e os compromissos que Portugal assumiu na redução de emissões vão condicionar a estratégia da geringonça para os próximos anos.
Por outro lado, os partidos da esquerda enfrentam a concorrência de outras forças no parlamento como o PAN ou o Livre com quem partilham o eleitorado. Particularmente no caso do BE que para ser um partido do arco governativo teve de deixar cair a sua veia mais reivindicativa, não seria surpresa nenhuma ver o BE passar pelo mesmo cataclisma que o CDS num putativo desmoronamento do quadro governativo.
A direita
No espectro da direita as eleições ficaram marcadas pelo descalabro do CDS, a ascensão de André Ventura e a confirmação de que o PSD é um partido do centro.
A queda do CDS era e certa forma esperada, Assunção Cristas não conseguiu trazer o partido para o lado da oposição, apostou na queda do governo de António Costa e isso não aconteceu. O Diabo não chegou e o socialismo-democrático do CDS não conseguiu por em causa a social-democracia de PS e Cª, a austeridade da Troika marcou mais os portugueses de que as cativações de Centeno.
Resta ao CDS avaliar as suas opções e começar de novo, talvez, como uma nova liderança possa ser o partido da direita conservador que foi em tempos, e assim, crescer outra vez, com o desgaste do PS e a inépcia de Rui Rio.

André Ventura, foi sem dúvida nenhuma, um dos grandes vencedores da noite, com um mão cheia de frases feitas e uma postura hostil conseguiu trazer a extrema-direita para o parlamento 45 anos após o 25 de Abril. Num pais dito moderado em que o establisment tende para a esquerda este é um feito que merece reflexão no meio politico-partidário.
O Chega não possui consistência politica nem uma estrutura coerente, todavia está posicionado numa franja partidária que actualmente não tem representação partidária: os empregados do sector privado, a classe media-baixa que está a pagar a crise, que sofre com a degradação dos transportes, públicos, que paga a factura da globalização e do liberalismo económico e a que se junta a pressão do turismo e da imigração.
Aqueles que estão fora das estruturas sindicais controladas pelo PCP ou BE, ou melhor, indivíduos tais como os camionistas de matérias perigosas que se viram sozinhos contra um governo e oposição. Existe um terreno fértil em que André Ventura pode cultivar as suas ambições politicas, e o seu sucesso vai depender muito da estratégia do CDS e na competência e capacidade governativo do governo PS.
Por, ultimo o Iniciativa Liberal que teve também um bom resultado eleitoral, podemos classificar este partido como um conjunto de pessoas com boas ideias para liberalizar a economia portuguesa, mas porventura, ainda estão muito longe de serem um “ciudanos” e competem por parte do eleitorado do CDS.
O maior desafio do IL é crescer num pais que não tem tradição liberal e que em certos sectores abonomia o liberalismo. As ideias do IL podem ter cativado uma classe media alta com um nível, quadros superiores de empresas, pessoas com formação superior, mas esse é um grupo pequeno de uma população que vive do estado ou numa economia privada dominada por uma mão cheia de bancos e grandes empresas.
A direita portuguesa esta perante o desfio de ser oposição, de se realinhar e traçar uma estratégia para tirar Portugal da hibernação e do despesismo socialista e ao mesmo tempo confrontar o progressismo ultra liberal da extrema esquerda e a sua visão marxista da sociedade.